Pesquisadora acredita que haverá mais transformações geopolíticas
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© REUTERS/Ilan Rosenberg |
O conflito entre o Hamas e Israel pode gerar efeitos
indiretos à economia brasileira, avalia a economista e especialista em comércio
exterior Lia Valls. Pesquisadora associada do Instituto Brasileiro de Economia
da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), ela disse à Agência Brasil que pode
haver consequências envolvendo o mercado de petróleo. Embora Israel e Palestina
não produzam petróleo, uma eventual escalada do conflito poderia envolver
países vizinhos como o Irã.
"Convulsiona mais, você tem mais restrições ao comércio
como um todo, a demanda mundial cai e, obviamente, vai haver menos espaço para
o crescimento das exportações”, disse ela.
Apesar dessa possibilidade, em um primeiro momento, a
pesquisadora não crê em impactos para a balança comercial brasileira. "O
que pode afetar é mais uma questão global, porque a gente não tem nenhum
comércio importante com nenhum dos dois países envolvidos.”
A pesquisadora da FGV ponderou que haverá mais
transformações geopolíticas, como resultado do conflito entre Israel e o Hamas.
Lia Valls avaliou que efeitos globais seriam sentidos se os Estados Unidos
aumentassem muito as sanções sobre o Oriente Médio. Nesse caso, o Brasil pode
sair prejudicado, porque exporta muito para a região.
Os principais produtos brasileiros exportados para o Oriente
Médio entre janeiro e setembro deste ano foram carne de aves (U$$ 2,13 bilhões
ou 21% do total), açúcar (15% da pauta), soja (14%) e minério de ferro (15%). A
participação equivale a 4,3% da pauta brasileira. Entre os importados pelo
Brasil nesse período, destaque para adubo (29%), óleos combustíveis (28%) e
óleo bruto de petróleo (24%). As importações correspondem a 3,3% da pauta do
Brasil.
Lia reiterou que o comportamento das exportações do Brasil
vai depender muito da duração da guerra. Caso demore a acabar, terá efeitos
sobre o comércio global, com os países aumentando medidas protecionistas,
sinalizou a economista.
Nos primeiros nove meses de 2023, a participação de Israel
nas exportações do Brasil alcançou 0,2%, atingindo 0,6% nas importações. Israel
está em 52% lugar no ranking das exportações brasileiras e em 34% nas
importações. Entre janeiro e setembro deste ano, o principal produto exportado
para Israel foi petróleo (US$ 139 milhões), seguido de carne bovina (US$ 118 milhões)
e soja (US$ 106 milhões). “O valor é muito pequeno”, disse a economista. O
Brasil importou de Israel adubo, ou fertilizantes, que representaram 44% da
pauta, com valor da ordem de US$ 471 milhões, o que, na avaliação de Lia, é
pouco para a pauta brasileira.
Fonte: Agencia Brasil